domingo, 15 de novembro de 2015

De São Paulo à Santiago com a Chile Bus - parte IV



A travessia pela Cordilheira dos Andes foi longa. Intermináveis horas na estrada.
O lado argentino da Cordilheira estava completamente sem neve, em uma época em que a neve já deveria estar cobrindo toda a paisagem.
Confesso que fiquei realmente preocupada, mas toda aquela beleza natural não me deixava desanimar e o tempo inteiro eu agradecia por estar ali.

Mas, como mágica, a neve surgiu.
De repente, paisagem ficou completamente branca e eu me pus à chorar novamente, emocionada, pois a neve é uma novidade para uma pessoa que vive em um país tropical. (inclusive hoje, dia em que estou escrevendo esse post, fez agradáveis 37° de temperatura na minha cidade ... hahahhahah)

A vontade era de gritar para o motorista: "_Motorista, pare esse ônibus que eu quero descer!!!"
Mas... me contive e apenas fiquei olhando encantada aquela imensidão branca pela janela.

O hino chileno começou a tocar pouco antes da chegada à aduana e foi lindo ver o grau de patriotismo dos chilenos que estavam voltando felizes à sua pátria. Foi uma grande festa, com palmas, assovios, etc...


Também próximos à aduana Argentina/Chile, tratamos logo de jogar as comidas fora, pois foram logo avisando que a aduana chilena era rigorosa quanto à entrada de alimentos, plantas e coisas do tipo no país e que até se cobrava uma multa altíssima, caso fosse encontrado em nossa bagagem coisas do gênero.

O ônibus finalmente parou e pudemos descer.
A primeira coisa que fiz foi, timidamente, ir direto para a neve acumulada na beira do asfalto.

O branco total irritou meus olhos. Eles ardiam muito.

O ar era diferente, pesado, e foi difícil respirar. Fiquei muito cansada apenas por dar poucos passos até a beira da estrada e senti um pouco de tontura. Parecia que por mais que eu respirasse, meus pulmões não enchiam.
Entendi que aqueles eram os primeiros sintomas da altitude e me apavorei. Enquanto isso, meu marido não sentiu nenhum mal estar.







Eu sendo besta, brincando com a neve.



Encontrei um policial  e fui até ele, com muito medo de falar alguma coisa errada no meu espanhol bosta. Perguntei à quantos metros de altitude estávamos e ele, muito sorridente e simpático me disse que à 3000  m de altitude.

Um parágrafo só pra dizer: EU AMO O POVO CHILENO. Extremamente educados, simpáticos, sorridentes e sempre dispostos à ajudar.

Continuando...

Nossa... 3000 m de altitude e eu já estava morrendo.
Eu só pensava: "_ Meu Deus, se aqui eu estou assim, como vou me sentir no Atacama, ou em Cusco? Como vou conseguir fazer a trilha que me levaria até Machu Picchu, no Peru?"

Fizemos uma enorme fila, organizada pelo número do assento.
Eu e o Claudio fomos os primeiros. Entregamos papéis, pegamos papéis, mostramos os passaportes, que foram carimbados. Fila na aduana argentina para sair, depois fila na aduana chilena para entrar naquele país.

Fomos revistados em uma sala. Todos enfileirados, lado à lado, com um cão cheirando nossos pertences. Foi um pouco assustador tudo aquilo, mas deu tudo certo com a gente.
Um casal de brasileiros que levavam uma grande quantidade de roupas de ginástica_ provavelmente para revender_ foi questionado e intimado à mostrar toda a mercadoria. As peças foram contadas uma à uma e isso atrasou tudo.

Eu, que ainda encantada com a novidade da neve, voltei para a área externa o mais rápido que pude.

Experimentei as famosas empanadas chilenas, fiz câmbio das notas argentinas (que por sinal, nem usamos), tirei mais um milhão de fotos.

Um tempo depois, já estávamos aos pés do techo de estrada mais temida por mim durante a viagem:
LOS CARACOLES...

Foi aterrorizante ver de cara a altura que estávamos  e que começaríamos a descer, em uma estrada cheia de curvas completamente fechadas, e para completar, sem guardrail.
Meu coração parecia que ia sair pela boca, tamanho era o meu medo.
Mas fui me acalmando à medida que chegávamos mais perto do fim desse trecho de estrada, que apesar de tudo era bem sinalizada e os carros, caminhões e afins, que por ela passavam respeitavam e muito o limite de velociadade, não passando dos 40km/h.


Mas...
Como nem tudo são flores, a revista do tal casal atrasou e muito nossa chegada à capital chilena e a previsão voltou à ser  de uma chegada noturna.





2 comentários:

  1. olá Michelle uma questao interessante que li no seu post foi a respeito do cambio, vcs fizeram o cambio na fronteira com agenciadores ou em casa de cambio? ja fui para venezuela via roraima e o cambio ali é feito na fronteira sem nenhum controle utilizando uma taxa nao oficial que ninguem consegue entender.

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  2. Obrigada pela visita.

    Olha o cambio com certeza foi um problema, porque ficamos muito perdidos no começo.
    O primeiro cambio que fizemos( e que se mostrou totalmente desnecessário ) foi enquanto estávamos ainda no ônibus cruzando a Argentina. Esse foi por meio de agenciadores, sem controle nenhum, que subiram no nosso ônibus para fazer as negociações. Trocamos pouco, somente o suficiente para o almoço, que acabou não acontecendo.
    À partir daí, as demais foram feitas em casas de câmbio, o que eu achei mais seguro.
    Na volta, já na fronteira Peru/Brasil, trocamos em um bar mesmo, mas aí já estávamos mais escolados e a moeda era familiar... heheh (o nosso real)

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