domingo, 15 de novembro de 2015

De São Paulo à Santiago, Atacama, Arequipa e Cusco, tudo de ônibus - Resumo/ Pensamentos da Autora



OPINIÃO:

A viagem foi incrível. Um pouco cansativa sem dúvidas, porém maravilhosa. Tudo ocorreu de modo tranquilo, me senti muito segura e as paisagens eram simplesmente deslumbrantes.





SE RECOMENDO?

Com certeza. Acho que foi uma maneira incrível de se chegar à Santiago, e também de percorrer a América do Sul. Claro que se eu tivesse usado a razão, nunca teria feito desse jeito. Foi uma verdadeira loucura. Eu sei. Meus familiares e amigos tentaram de tudo para nos convencer de não fazer desse jeito, diziam que podíamos ser assaltados, sequestrados, enrolados, etc... E com certeza realmente corremos um risco enorme dessas coisas acontecerem: dois estrangeiros, que desconheciam completamente a língua e cultura locais, duas pessoas que, apesar de tudo, insistiram em confiar, acreditando que ainda existem pessoas boas neste mundo. E eu sei que existem, porque encontrei muitas delas nessa aventura.

No fim, usamos o coração e foi uma grata surpresa. Tudo teve um sabor especial, cada quilômetro rodado teve um sabor de aventura e desafio. Foram inúmeros aprendizados, inúmeras pessoas legais que encontramos no nosso caminho, e que sem elas, talvez não tivéssemos chegado ao nosso destino final. 
Tive um vislumbre de um pedacinho minúsculo da América do Sul, através da janela do meu assento, durante as paradas que fazíamos, nas cidades que visitávamos. 
Entendi muitas coisas que antes eram muito distantes da minha realidade.

Com certeza foi a melhor forma que eu e o Claudio descobrimos para ter uma noção do que seria aquela viagem. Desde o começo, a intenção era que esta fosse uma viagem de aventura, sem luxos, e ainda assim, visitando lugares que a maioria das pessoas PENSA que são inacessíveis, só pra gente rica e/ou acostumada ao espírito aventureiro, o que eu provei para mim mesma que não é verdade.
A maneira mais barata, foi a maneira mais legal para esta pessoa que está escrevendo: uma mulher com recursos financeiros limitados, gordinha e nada atlética, que mal fala o português (imagina o espanhol),  e sem experiência internacional alguma.








Passamos dias incríveis e memoráveis em Santiago.
Saímos de Santiago e rumamos para o deserto do Atacama. O lugar dos meus sonhos.

Vimos  a paisagem mudar aos poucos através de nossas janelas. Das folhagens alaranjadas das árvores à secura total do deserto.

Do Atacama, sempre em ônibus, chegamos em Arica e atravessamos mais uma fronteira, agora Chile/Peru, agora em um táxi coletivo até a cidade peruana de Tacna, com pessoas completamente estranhas. Estávamos amedrontados, mas chegamos sãos e salvos à Tacna.

Um ônibus imundo, fedendo à xixi, saindo de Tacna nos levou à Arequipa e finalmente me apaixonei pelo Peru.

Depois, triste por deixar Arequipa tão cedo, um luxuoso ônibus nos levou à Cusco. 
Cusco. Cidade incrível, colorida, charmosa e cheia de história.

Dias depois, fizemos a trilha da Hidrelétrica, no coração da selva peruana até Machu Picchu. E voltamos para Cusco.

De Cusco, Puerto Maldonado, Iñapari. 
Transporte tipo Tuk tuk, depois mais 4 horas em van coletiva e precária, chegamos à Assis Brasil, cruzando finalmente a fronteira com o Brasil.

Lá, pegamos um táxi com um peruano e sua filha, dividimos a corrida.
Entramos rapidamente na Bolívia e circulamos um pouco, voltamos para nossa rota até chegarmos na capital do Acre: Rio Branco, quase seis horas depois.

Só lá, pegamos um avião para voltarmos à São Paulo. Estávamos muito cansados para pensar em ônibus.

E só tenho coisas legais para falar e recordar, mesmo nos momentos em que sentimos medo, quando tivemos dificuldade de comunicação, com a falta de banho e conforto. Ainda assim, com certeza, faria tudo de novo se tivesse a oportunidade.

Claro que teria sido maravilhoso também se eu tivesse feito de uma maneira mais confortável e elegante, mas PARA MIM, não teria sido tão especial, porque só a ida já foi uma aventura em si.
Já nos primeiros momentos dessa viagem eu me desafiei e superei meus medos e limites. Me senti forte e preparada, capaz de enfrentar as muitas coisas que estavam por vir, não só na viagem, mas na vida.
Só isso já valeu demais para mim. Só por isso já valeu a pena eu ter levantado da cama e ter saído da minha zona de conforto.









Acho que nunca vou esquecer a sensação de atravessar a Cordilheira dos Andes. Medo e emoção. Tudo ao extremo.
Se eu fechar os olhos, ainda posso sentir as águas geladas do oceano Pacífico sob meus pés.
E a sensação estranha de andar sobre a neve.
Nos meus olhos, ainda estão as cores das cidades, por onde passamos, ainda estão gravadas as imagens do Aconcágua, do vulcão Licancabur, do deserto sem fim...
Nos meus ouvidos, as músicas peruanas surgem sempre, assim como imagens incas variadas.








Nos perdemos muitas vezes durante essa viagem... mas nos encontramos, em todos os sentidos dessa palavra, nessa extraordinária terra chamada América do Sul e também em nós mesmos.


3 comentários:

  1. Lindo texto, me emocionei...sem querer vc me deu a força que precisava pra por o pé na estrada.

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    1. Obrigada pela visita.
      Olha que bom que ajudei. Eu também busquei a coragem lendo em vários sites e no fim, deu tudo muito certo.
      Foi uma viagem inesquecível e linda e você com certeza deve fazer um dia a viagem com a qual você sonha.

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  2. Olá. No fim das contas, quanto foi tudo (em reais?), O orçamento total da viagem?
    Obrigado e amo o seu blog!

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