domingo, 20 de dezembro de 2015

Santiago dia 2 - Valparaíso e Viña del Mar por conta própria = Praia, cassino e andanças




Na verdade, o título não deveria incluir Santiago, porque não ficamos em Santiago...

No nosso segundo dia, eu queria muito conhecer as cidades de Valparaíso e Viña del Mar, cidades próximas à Santiago e que são banhadas pelo oceano Pacífico.
Lendo na internet, li sobre três maneiras comuns para  chegarmos à essas cidades: 
  

1. através de uma agência de viagens:
            porém achei os preços muito salgados, CAROS MESMO, e muita gente na internet reclamava que o roteiro era bem apertado, que as agências mal paravam para que os turistas pudessem aproveitar as paisagens. Era tudo muito corrido.


2. Alugar um carro e ir por conta própria:
           seria muito legal para nós, mas não nos sentimos seguros em dirigir, ainda mais em outro país. Não pela estrada, porque eram estradas excelentes, bem pavimentadas e tudo. Era falta de habilidade e costume de dirigir, inclusive aqui no Brasil mesmo.


3. Ir de Busão:
          Nem preciso dizer que escolhemos essa, né?
Era só escolher a empresa de ônibus, escolher o assento e ir curtindo a paisagem, tirando aquela soneca gostosa. O único inconveniente era justamente depender de ônibus para nos locomovermos. A gente ia ter hora máxima para voltar. Sniff. Caso contrário, teríamos que dormir por lá.
O que significava gastar mais, o que significava que não ia dar... kkkkk

Escolhida a forma para chegarmos primeiramente à Valparaíso, optamos por uma empresa de ônibus chilena bem tradicional: a Tour-Bus. Com vários horários de saída diária para os dois destinos.
A passagem foi bem baratinha e o ônibus era bem confortável.
A ideia inicial era chegar em Valparaíso e voltar por Viña para otimizar o tempo, mas a moça do guichê nos aconselhou que dessa forma, a passagem sairia mais cara. Chegar e voltar por Valpo era mais barato.
Assim foi feito. Deixamos a volta em aberto e teríamos até as 22h, se não me engano para retornar, saindo de Valpo.

Desembarcamos na rodoviária de Valparaíso umas 9h da manhã.



Situação: Valparaíso é mais uma cidade. Porém sua história é riquíssima, além dela possuir arte espalhada por todos os lados nos cerros (morros) que a formam, verdadeiros murais, o que a torna alegre, vibrante e colorida, ou seja: SUPER INTERESSANTE para se conhecer.

ACONTECE QUE... geralmente Valparaíso acaba passando despercebida, se comparada com a vizinha, badalada e glamourosa, Viña del Mar, por puro desconhecimento

E justamente por não se ter ideia do quão incrível é Valpo,  muitos acabam perdendo toda essa riqueza cultural que é essa cidade,tendo uma experiência do tipo: "ahhh... legal,agora vamos para Viña."
Logo, um guia é altamente recomendado.
COMO EU SOU MÃO DE VACA....

Descobri na internet que:

Existe um Free Walking Tour com a empresa Tips4Trips ... ISSO MESMO: FREE... (de graça).  A gente dá apenas uma gorjeta, com o valor que quisermos e se quisermos.

Não foi nem necessário agendamento prévio, foi só chegar e esperar o guia, que é facilmente identificável (ele/ela usa uma roupa listrada branca e vermelha, como a do Wally e só temos que nos juntar à multidão que já está esperando no ponto de encontro: a laza Sotomayor.

Um tour guiado, à pé pelos principais cerros da cidade, e com direito à várias surpresas super incríveis.
O tour à pé dura 03 horas e, palavra da gordinha nada atlética aqui que vos escreve: É SUPER TRANQUILO PARA FAZER. 
Só andamos em partes planas, ouvindo as histórias da cidade, bem como de suas construçoes históricas e murais
Para subir os cerros usamos os ascensores, ou funiculares, como são conhecidos.

Achei tão massa o tour que vou escrever um post só para ele.

O nosso tour começaria às 10h e assim que desembarcamos na rodoviária de Valpo, tratamos de conseguir um táxi para chegar a tal Plaza Sotomayor, porque eu fiquei com medo de nos atrasarmos e acabarmos perdendo o tour. Não sabia se com o ônibus iria dar tempo de chegar no horário.
Nem preciso dizer que eu amei o tour e super recomendo. 


O grupo: 2 brasileiros, 1 português, 1 mexicana e um argentino











Arquitetura











Street art





Plaza Sotomayor

Saímos de lá ainda super animados e fomos pegar um ônibus de linha que nos levasse até o nosso próximo destino: a cidade de Viña del Mar.
A gente andou, andou, andou e nada de encontrar um ponto de ônibus... Quando achamos uma multidão reunida, perguntei onde era o ponto de ônibus em todas as línguas misturadas e  emboladas que eu conhecia, e o cara me respondeu com a cara mais surpresa do mundo: O ÔNIBUS PÁRA ONDE VOCÊ DER SINAL, UÉ.


Ué, como se isso fosse a coisa mais comum do mundo... 

Aqui na minha cidade, tem ponto certo para o ônibus parar. Como é que eu ia saber?

Bem, superado esse vacilo, demos sinal, o ônibus parou e seguimos viagem.
Foi uma das viagens mais loucas da minha vida. O motorista dirigia como se tivesse acabado de assaltar um banco e estivesse fugindo da polícia, de tão rápido que ia. Affff

Foi fácil reconhecer o Relógio das Flores, cheio de turistas. Era nossa parada.
Descemos e tiramos algumas fotos.






Depois, atravessamos a larga avenida e fomos conhecer o oceano Pacífico.




Estava frio, e foi engraçado ver os chilenos cheios de roupas brincando na areia.

Fomos andando pela areia até encontrarmos um lugar afastado, com algumas pedras onde pudemos nos sentar.
Tiramos os tênis e fomos molhar os pés.

Não lembro a última vez que falei tantos palavrões na vida. Mentira. Lembro sim, foi ontem... mas, whatever.

O fato é que nunca senti uma água tão gelada na vida.
Foi como se eu tivesse enfiado os pés em um balde com água tirada da geladeira.

Foi terrível... 

Era molhar os pés, xingar e correr.  Mas foi também muito divertido e emocionante, pensar que eu havia cruzado o continente, saindo de uma cidade à beira do Atlântico para chegar a uma banhada pelo Pacífico .

Uma revoada de gaivotas cobriu a paisagem e foi incrível. 
Mais que de repente, o céu ficou negro de tantos pássaros. Me senti dentro daqueles filmes americanos onde o assunto principal é pesca. Isso aconteceu muitas vezes enquanto estivemos por lá observando.  

Quando cansamos, colocamos novamente os pés na bota e subimos por uma escadaria, saindo quase em frente ao luxuoso hotel Sheraton.


Ricos e famosos #sqn

Continuamos andando, beirando a orla. 



Reparem na quantidade de aves sobre as pedras, ao fundo


Fotografamos muitas dessas aves sobre as pedras.




A ideia era ir andando até um castelo chamado Wulff. 

Chegamos lá e entramos, mas a verdade foi que nem vi nada de muito interessante, a não ser o próprio castelo em si, que era realmente muito bonito por dentro e por fora. 






Interior do Castelo Wulff


Continuamos andando até chegarmos à uma larga ponte.
Depois dela, foi possível avistarmos o Cassino.

Mais fotos.

A cidade é realmente bonita, mas na minha humilde opinião, nem se compara à Valparaíso, meu xodózinho.



  

Ponte, e ao fundo, o Cassino
Próximo ao cassino compramos um picolé. Pode estar o frio que for, mas se o sorvete for de chocolate, eu encaro bravamente.

Atravessamos a rua e nos sentamos em umas muretas que davam bem de frente para o Pacífico.

Meio que do nada, surgiram umas ciganas e elas começaram à oferecer leitura de mão, previsão do futuro e coisas do gênero e foi difícil nos esquivarmos das insistentes ofertas.
Mas no fim elas acabaram indo embora.

Terminado o sorvete, atravessamos a rua e fomos até a porta do cassino. 
 

Fundos do Cassino


Não resistimos e entramos, super tímidos.

Eu só conhecia os cassinos dos filmes de Las Vegas e eu esperava homens de terno, mulheres em vestidos longos e brilhantes. 

Nossa entrada então foi obrigatória, apesar de saber que eu talvez não estivesse adequadamente vestida para a ocasião (nós estavamos de tênis e mochila) ,mas de jeito nenhum iríamos sair de Viña sem isso. 

Entrar foi tranquilo e as pessoas nem pareciam nos notar. Ninguém estava excessivamente bem vestido e a maioria  de jogadores era de senhores. 

Não tiramos fotos internas porque não era permitido.
Depois de percorrer todo o lugar decidimos arriscar a sorte e tentar.
Mas nossas tentativas foram frustradas e só perdemos dinheiro. 
Largamos as máquinas antes que não sobrasse dinheiro algum para voltarmos.


Cassino ao fundo

 Havia uma praia que eu queria muito ir, bem longe, onde eu li em algum lugar que seria possível apreciar os leões marinhos soltos na natureza, sobre as pedras. E havia também um parque bem bonito para visitar, mas nós já estávamos tão exaustos de tanto caminhar que preferimos voltar para Valparaíso para pegar o ônibus que nos levaria  de volta à Santiago.

Pedimos parada em um ponto qualquer da avenida e perguntamos para o motorista se ele iria rumo à Valparaíso
Como a resposta foi afirmativa, subimos e pedimos para que ele nos avisasse quando estivéssemos perto de nossa parada. 

Não ficamos mais que 10 minutos no ônibus e descemos.
Fomos orientados a atravessar a avenida da praia e seguir, sempre reto, que assim, acharíamos a rodoviária.

Realmente o caminho era simples, mesmo assim confirmamos com um transeunte e encontramos a rodoviária facilmente, mas antes, entramos e saímos de algumas lojas.

Compramos nossa passagem de volta para Santiago e voltamos para nosso apartamo.
Nossos pés estavam destruídos.






                                                                                                                                                                                                                      












quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

Santiago - Dia 1 = Palácio, Café, Museu e Comilança


Na manhã seguinte...
Eu havia agendado um tour guiado no interior do palácio La Moneda.



Dicas preciosas que a internet nos dá:

O convencional é que as pessoas assistam apenas a troca da Guarda, que ocorre em dias alternados em frente ao palácio e depois sigam para os demais passeios.
Fuçando na net, descobri que havia um tour guiado, que nos apresentava às principais salas no interior do palácio, mas que era muito concorrido e que deveria ser agendado com no mínimo 03meses de antecedência.
Agendei 04 meses antes e mesmo assim não consegui o horário que eu queria.
Segue o link para o agendamento: 
visitasguiadas.presidencia.cl


Tem opção de idiomas e você pode selecionar o dia e hora da visita guiada que mais lhe interessar.



Queria pegar o primeiro horário, para após, assistir tranquilamente à troca da Guarda do Palácio.
Mas calhou que meu tour ficaria bem no meio da troca e eu perderia a maior parte.

Logicamente, na manhã seguinte, acordamos tarde (essa sou eu), saímos atrasados e meio perdidos, perguntando para as almas mais caridosas (em nosso espanhol ridículo), onde ficava o palácio La Moneda. Perguntávamos principalmente aos "Carabineros" (policiais chilenos) que eram sempre sorridentes e extremamente simpáticos.
Por estarmos hospedados no Centro de Santiago, era tudo muito perto e fizemos o caminho à pé.
Quando chegamos ao palácio, havia uma fila enorme, nos agrupamos e esperamos.


Fila na entrada do palácio


Pátio no interior do Palácio

Batendo Papo com outra turista brasileira





Jardim do Palácio

O tour foi bem legal e o mais incrível foi ver que nosso espanhol estava ótimo. Conseguíamos entender tudo_ graças aos dias que passamos dentro do ônibus, ouvindo apenas o idioma espanhol.
Traduzimos muitas coisas para outros brasileiros que não conseguiam acompanhar o que a guia dizia.
Me senti...

Na hora da troca da Guarda, foi nos concedido alguns minutos em lugar privilegiado para assistir: quem estava fazendo o tour, assistia a troca da Guarda pelo lado de dentro das grades de contenção.
Foi emocionante e lindo.



Adicionar legenda
De lá fomos visitar o centro cultural La Moneda, no subsolo do palácio. Vimos duas exposições de arte andina maravilhosas.




Nessa hora, eu já estava completamente e inteiramente apaixonada pela cidade. Me sentia em casa, me sentia segura...
Saímos sem rumo e fomos batendo perna pelos arredores.


Conseguimos um mapa da cidade com uma operadora de turismo, passamos pela Plaza de Armas. Paramos para apreciar um show "stand up comedy" . Foi divertido.



Contunuamos caminhando,vendo tudo.


Artista de rua



Entramos na principal catedral de Santiago... simplismente maravilhosa, espetacular.


Interior da Catedral Metropolitana


Bem pertinho está o Museu Histórico Nacional, com entrada grátis na época em que fomos.



Museu + Grátis = Entramos.

Museu muito bem cuidado, contando a história do Chile desde seus povos nativos, conquista pelos espanhóis, até o início da ditadura. Acervo maravilhoso, com algo que eu até então desconhecia: os Áudio-guias.

Um casal de brasileiros que estava deixando o museu nos deu os deles e acabamos usando na faixa (de graça mesmo).
Com a novidade, percorremos o museu novamente, agora com as explicações em português de todas as peças do acervo.


Acabou que, nos atrasamos e acabamos deixando de fazer algumas coisas que estavam em nossa programação.
Nossos pés doíam de tanto que andamos, mas foi muito divertido nos perder e nos achar nas largas avenidas do centro de Santiago.




Entrávamos e saíamos de lojas e shoppings, comparando os preços com os do Brasil.

Entramos em um "Café con Piernas", um café onde as moças que servem usam Micro-saias ( que são maiores que as saias usadas no Brasil... hahahahaha
Achei estranho. Nunca fui à uma cafeteria, logo, desconheço certos hábitos e achei bizarro me servirem uma água com gás junto com um Cappuccino. Só sabia que aquela água era para beber. Quando? Se antes, durante ou depois do Cappuccino, eu não fazia a menor ideia. Mas bebi.
Conhecemos um casal de brasileiros e conversamos bastante sobre as nossas viagens.

Como sou globalizada (NA VERDADE BESTA, COM MEDO DE PROVAR UMA COISA NOVA), fui ao Mc Donald's de um shopping e pedi um Big Mac, "sin palta", porque Big Mac com abacate é bem estranho.


Meu teste final foi tomar um táxi, rumo ao Mercado municipal.
Queria ver se eu dava conta de explicar para onde eu queria ir. Deu tudo certo.

Nessa hora eu já estava totalmente curiosa para experimentar a culinária local.
Provamos o Caranguejo Real, ou Centolla por um preço mais amigável que o normal, porque o dono do restaurante torcia para o mesmo time que meu marido torce.



Mesa para SOMENTE duas pessoas, no mercado municipal


Por incrível que pareça, não demos conta de comer todas essas coisas, fizemos o bom e velho MARMITÃO e levamos para jantar no apartamento.

Continuamos caminhando pelas ruas de Santiago e depois voltamos no cair da noite.



Dormimos cedinho, porque estávamos exaustos.









domingo, 15 de novembro de 2015

Primeira noite em Santiago do Chile






Com o atraso na travessia pela cordilheira dos Andes e pela complexa revista na aduana chilena, acabamos chegando à Santiago por volta das 20h00. Eu estava assustada e insegura, mas precisava ser forte e passar confiança ao meu marido, que com certeza estava se sentindo mais perdido do que eu.
Descemos na rodoviária central da cidade, que estava lotada e logo tratamos de pensar qual seria o modo mais simples (e barato) de chegarmos ao apartamento que tínhamos alugado.

Não me recordo como, nem de onde surgiu,  mas alguém me indicou um senhor idoso que faria quase o mesmo trajeto que a gente e fomos pedir ajuda à ele. Ele estava com sua esposa esperando uma conhecida, que chegaria por alí,  e prontamente nos disse que o meio mais barato de nos locomovermos por Santiago era utilizando o metrô. Segundo ele, os taxistas se aproveitariam de nós, inexperientes turistas e poderiam cobrar um valor acima da média do valor pelo trajeto . Ele iria de metrô também e poderia nos acompanhar.

Fomos todos andando pelas lotadas ruas de Santiago até chegarmos à estação mais próxima. Tínhamos uma imensa dificuldade de comunicação, mas lembro que diversas vezes ele falou o quanto a cidade era perigosa por seus furtos às carteiras dos desavisados. Muitas vezes ele falou também que nós éramos doidos de termos feito tudo pela internet e termos vindo de um outro país sem nem saber falar a língua local.
Ele fez o trajeto de metrô com a gente e por piedade talvéz, acabou decidindo que nos levaria o mais próximo possível de nosso apartamento, muito depois de sua estação. Descemos e caminhamos um bom pedaço.

Descobri que aquele homem era um revolucionário que lutou contra a ditadura em seu país e que havia sido preso por defender seus ideais. Ele nos mostrou alguns lugares importantes e com um grande valor histórico, por onde íamos passando e nos deu muitas dicas preciosas sobre passeios e segurança, e não aceitou nada de nós pelo imenso favor de nos acompanhar. Mesmo assim, insistimos e demos uma nota de pouco valor dinheiro brasileiro para ele guardar de lembrança e ele ficou muito grato.
Infelizmente tenho uma memória muito fraca para nomes. Mas o rosto dele e de sua gentil esposa, nunca vou esquecer.

Minha primeira noite efetivamente no Chile foi marcada por essa incrível demonstração de gentileza e empatia com o próximo, como se mostraram ser todas as outras enquanto estive neste país incrível.
Uma demonstração de que, apesar da maldade do mundo, ainda é possível confiar e ser confiável e que essa entrega ao desconhecido, pode resultar em coisas muito boas  e experiências enriquecedoras.

Chegamos da forma mais barata, sãos e salvos ao nosso apartamento. Desfizemos as malas e como notamos um movimento absurdo no centro, ainda àquela hora da noite, decidimos andar e ver o que tinha à nossa volta.
Mais especificamente: 
FOMOS PROCURAR ALGO PARA COMER.
 Na minha cidade, no centro, assim que o comércio fecha_o que ocorre ralativamente cedo, logo no início da noite_ tudo vira um grande deserto e em consequencia disso, uma caminhada noturna é algo impensável.
Foi muito legal ver uma cidade, tarde da noite, em pleno vapor. Tudo aberto e funcionando.



Achamos um mini Market e compramos algumas coisas que poderíamos usar para cozinhar e compramos a pizza mais deliciosa que já comemos em nossa vida, no Papa Johns. Logicamente apanhando e rindo muito por causa de nosso espanhol fraco.

A cidade era vibrante, cheia de energia, cheia de gente interessante. Achei muito legal e me senti muito segura.  Chegamos em casa já bem tarde da noite.

Comemos e tratamos de ir pra cama. O outro dia começaria cedo: visita guiada pelo Palácio La Moenda, desbravar o centro da capital chilena, visitando museus e pontos turísticos.







De São Paulo à Santiago, Atacama, Arequipa e Cusco, tudo de ônibus - Resumo/ Pensamentos da Autora



OPINIÃO:

A viagem foi incrível. Um pouco cansativa sem dúvidas, porém maravilhosa. Tudo ocorreu de modo tranquilo, me senti muito segura e as paisagens eram simplesmente deslumbrantes.





SE RECOMENDO?

Com certeza. Acho que foi uma maneira incrível de se chegar à Santiago, e também de percorrer a América do Sul. Claro que se eu tivesse usado a razão, nunca teria feito desse jeito. Foi uma verdadeira loucura. Eu sei. Meus familiares e amigos tentaram de tudo para nos convencer de não fazer desse jeito, diziam que podíamos ser assaltados, sequestrados, enrolados, etc... E com certeza realmente corremos um risco enorme dessas coisas acontecerem: dois estrangeiros, que desconheciam completamente a língua e cultura locais, duas pessoas que, apesar de tudo, insistiram em confiar, acreditando que ainda existem pessoas boas neste mundo. E eu sei que existem, porque encontrei muitas delas nessa aventura.

No fim, usamos o coração e foi uma grata surpresa. Tudo teve um sabor especial, cada quilômetro rodado teve um sabor de aventura e desafio. Foram inúmeros aprendizados, inúmeras pessoas legais que encontramos no nosso caminho, e que sem elas, talvez não tivéssemos chegado ao nosso destino final. 
Tive um vislumbre de um pedacinho minúsculo da América do Sul, através da janela do meu assento, durante as paradas que fazíamos, nas cidades que visitávamos. 
Entendi muitas coisas que antes eram muito distantes da minha realidade.

Com certeza foi a melhor forma que eu e o Claudio descobrimos para ter uma noção do que seria aquela viagem. Desde o começo, a intenção era que esta fosse uma viagem de aventura, sem luxos, e ainda assim, visitando lugares que a maioria das pessoas PENSA que são inacessíveis, só pra gente rica e/ou acostumada ao espírito aventureiro, o que eu provei para mim mesma que não é verdade.
A maneira mais barata, foi a maneira mais legal para esta pessoa que está escrevendo: uma mulher com recursos financeiros limitados, gordinha e nada atlética, que mal fala o português (imagina o espanhol),  e sem experiência internacional alguma.








Passamos dias incríveis e memoráveis em Santiago.
Saímos de Santiago e rumamos para o deserto do Atacama. O lugar dos meus sonhos.

Vimos  a paisagem mudar aos poucos através de nossas janelas. Das folhagens alaranjadas das árvores à secura total do deserto.

Do Atacama, sempre em ônibus, chegamos em Arica e atravessamos mais uma fronteira, agora Chile/Peru, agora em um táxi coletivo até a cidade peruana de Tacna, com pessoas completamente estranhas. Estávamos amedrontados, mas chegamos sãos e salvos à Tacna.

Um ônibus imundo, fedendo à xixi, saindo de Tacna nos levou à Arequipa e finalmente me apaixonei pelo Peru.

Depois, triste por deixar Arequipa tão cedo, um luxuoso ônibus nos levou à Cusco. 
Cusco. Cidade incrível, colorida, charmosa e cheia de história.

Dias depois, fizemos a trilha da Hidrelétrica, no coração da selva peruana até Machu Picchu. E voltamos para Cusco.

De Cusco, Puerto Maldonado, Iñapari. 
Transporte tipo Tuk tuk, depois mais 4 horas em van coletiva e precária, chegamos à Assis Brasil, cruzando finalmente a fronteira com o Brasil.

Lá, pegamos um táxi com um peruano e sua filha, dividimos a corrida.
Entramos rapidamente na Bolívia e circulamos um pouco, voltamos para nossa rota até chegarmos na capital do Acre: Rio Branco, quase seis horas depois.

Só lá, pegamos um avião para voltarmos à São Paulo. Estávamos muito cansados para pensar em ônibus.

E só tenho coisas legais para falar e recordar, mesmo nos momentos em que sentimos medo, quando tivemos dificuldade de comunicação, com a falta de banho e conforto. Ainda assim, com certeza, faria tudo de novo se tivesse a oportunidade.

Claro que teria sido maravilhoso também se eu tivesse feito de uma maneira mais confortável e elegante, mas PARA MIM, não teria sido tão especial, porque só a ida já foi uma aventura em si.
Já nos primeiros momentos dessa viagem eu me desafiei e superei meus medos e limites. Me senti forte e preparada, capaz de enfrentar as muitas coisas que estavam por vir, não só na viagem, mas na vida.
Só isso já valeu demais para mim. Só por isso já valeu a pena eu ter levantado da cama e ter saído da minha zona de conforto.









Acho que nunca vou esquecer a sensação de atravessar a Cordilheira dos Andes. Medo e emoção. Tudo ao extremo.
Se eu fechar os olhos, ainda posso sentir as águas geladas do oceano Pacífico sob meus pés.
E a sensação estranha de andar sobre a neve.
Nos meus olhos, ainda estão as cores das cidades, por onde passamos, ainda estão gravadas as imagens do Aconcágua, do vulcão Licancabur, do deserto sem fim...
Nos meus ouvidos, as músicas peruanas surgem sempre, assim como imagens incas variadas.








Nos perdemos muitas vezes durante essa viagem... mas nos encontramos, em todos os sentidos dessa palavra, nessa extraordinária terra chamada América do Sul e também em nós mesmos.


De São Paulo à Santiago com a Chile Bus - parte IV



A travessia pela Cordilheira dos Andes foi longa. Intermináveis horas na estrada.
O lado argentino da Cordilheira estava completamente sem neve, em uma época em que a neve já deveria estar cobrindo toda a paisagem.
Confesso que fiquei realmente preocupada, mas toda aquela beleza natural não me deixava desanimar e o tempo inteiro eu agradecia por estar ali.

Mas, como mágica, a neve surgiu.
De repente, paisagem ficou completamente branca e eu me pus à chorar novamente, emocionada, pois a neve é uma novidade para uma pessoa que vive em um país tropical. (inclusive hoje, dia em que estou escrevendo esse post, fez agradáveis 37° de temperatura na minha cidade ... hahahhahah)

A vontade era de gritar para o motorista: "_Motorista, pare esse ônibus que eu quero descer!!!"
Mas... me contive e apenas fiquei olhando encantada aquela imensidão branca pela janela.

O hino chileno começou a tocar pouco antes da chegada à aduana e foi lindo ver o grau de patriotismo dos chilenos que estavam voltando felizes à sua pátria. Foi uma grande festa, com palmas, assovios, etc...


Também próximos à aduana Argentina/Chile, tratamos logo de jogar as comidas fora, pois foram logo avisando que a aduana chilena era rigorosa quanto à entrada de alimentos, plantas e coisas do tipo no país e que até se cobrava uma multa altíssima, caso fosse encontrado em nossa bagagem coisas do gênero.

O ônibus finalmente parou e pudemos descer.
A primeira coisa que fiz foi, timidamente, ir direto para a neve acumulada na beira do asfalto.

O branco total irritou meus olhos. Eles ardiam muito.

O ar era diferente, pesado, e foi difícil respirar. Fiquei muito cansada apenas por dar poucos passos até a beira da estrada e senti um pouco de tontura. Parecia que por mais que eu respirasse, meus pulmões não enchiam.
Entendi que aqueles eram os primeiros sintomas da altitude e me apavorei. Enquanto isso, meu marido não sentiu nenhum mal estar.







Eu sendo besta, brincando com a neve.



Encontrei um policial  e fui até ele, com muito medo de falar alguma coisa errada no meu espanhol bosta. Perguntei à quantos metros de altitude estávamos e ele, muito sorridente e simpático me disse que à 3000  m de altitude.

Um parágrafo só pra dizer: EU AMO O POVO CHILENO. Extremamente educados, simpáticos, sorridentes e sempre dispostos à ajudar.

Continuando...

Nossa... 3000 m de altitude e eu já estava morrendo.
Eu só pensava: "_ Meu Deus, se aqui eu estou assim, como vou me sentir no Atacama, ou em Cusco? Como vou conseguir fazer a trilha que me levaria até Machu Picchu, no Peru?"

Fizemos uma enorme fila, organizada pelo número do assento.
Eu e o Claudio fomos os primeiros. Entregamos papéis, pegamos papéis, mostramos os passaportes, que foram carimbados. Fila na aduana argentina para sair, depois fila na aduana chilena para entrar naquele país.

Fomos revistados em uma sala. Todos enfileirados, lado à lado, com um cão cheirando nossos pertences. Foi um pouco assustador tudo aquilo, mas deu tudo certo com a gente.
Um casal de brasileiros que levavam uma grande quantidade de roupas de ginástica_ provavelmente para revender_ foi questionado e intimado à mostrar toda a mercadoria. As peças foram contadas uma à uma e isso atrasou tudo.

Eu, que ainda encantada com a novidade da neve, voltei para a área externa o mais rápido que pude.

Experimentei as famosas empanadas chilenas, fiz câmbio das notas argentinas (que por sinal, nem usamos), tirei mais um milhão de fotos.

Um tempo depois, já estávamos aos pés do techo de estrada mais temida por mim durante a viagem:
LOS CARACOLES...

Foi aterrorizante ver de cara a altura que estávamos  e que começaríamos a descer, em uma estrada cheia de curvas completamente fechadas, e para completar, sem guardrail.
Meu coração parecia que ia sair pela boca, tamanho era o meu medo.
Mas fui me acalmando à medida que chegávamos mais perto do fim desse trecho de estrada, que apesar de tudo era bem sinalizada e os carros, caminhões e afins, que por ela passavam respeitavam e muito o limite de velociadade, não passando dos 40km/h.


Mas...
Como nem tudo são flores, a revista do tal casal atrasou e muito nossa chegada à capital chilena e a previsão voltou à ser  de uma chegada noturna.